HISTÓRIA (AIROTSIH)
Esgotaram os recursos não – renováveis e necessários na Rússia. O único país capaz de salvar a situação era os EUA, mas, para que estes fornecessem os recursos queriam governar a Rússia, essa condição criou um grande conflito entre os dois países. A fim de resolver a situação, marcaram uma negociação on-line no dia 17 de Maio de 2009 pelas 21 horas nos EUA e 9 horas na Rússia. No entanto, ambos os países planeavam atacar o outro para que não houvesse negociação possível, visto preverem que o resultado da negociação iria ser desfavorável aos dois.


Os ataques coincidiram, e ocorreram em simultâneo por ordem dos dois países, o mundo ficou altamente vulnerável à tragédia. Iniciou-se assim uma guerra nuclear de extremas dimensões que não só destruiu a maior parte do mundo, como dizimou quase todas as espécies.
Houve, pelo menos, um grupo de sobreviventes constituído por 5 casais nascidos no mesmo ano que se encontravam a fazer uma reportagem sobre pérolas, para a revista National Geographic, nos mares do sul, perto das Filipinas, com a prevista duração de três meses e iniciada no dia um de Março. Reportagem inédita também devido à constituição do grupo que a estava a realizar:
-Filipa (fotógrafa) e Miguel (biólogo) Silva – Portugueses
-Marina (jornalista) e Bruno (historiador) Rasdgar – Indianos
-Oleksiy (geólogo) e Natasha (geógrafa) Grabalin – Ucranianos
-Sara (fotógrafa) e Gonçalo (jornalista) Woldhek – Australianos
-Felícia (bióloga) e Valdemar (químico) Topsius – Alemães



Os investigadores receberam a notícia do ataque através da rádio, por volta das 22 horas do local onde se encontravam.
Apesar de ser uma informação difícil de digerir, todos pensaram no mais adequado a fazer. Os químicos ficaram muito alarmados, pois conheciam melhor as consequências das reacções nucleares que a guerra iria provocar.

Começaram por preparar todas as botijas de oxigénio a fim de ficarem o mais acessível possível. Seguiu-se a preparação dos tubos necessários ao mergulho semi-autónomo. Nesta primeira fase, também resguardaram a comida nos dormitórios do barco, visto serem os locais mais abrigados à exposição ao ar livre.
Marina, a jornalista fanática, tinha como especial preocupação deixar registado tudo o que estava a acontecer.
Passado algum tempo, aperceberam-se que os gases estavam a chegar ao local onde o barco se encontrava. Tal como tinham planeado, mergulharam com o equipamento do mergulho autónomo e deixaram, pronto a ser utilizado, o do semi-autónomo. Protegidos dos gases, aproveitaram para desfrutar do belo fundo oceânico e dar continuidade ao propósito que os tinha levado àquelas paragens. No entanto, o oxigénio começava a escassear e as necessidades alimentares aumentavam, pelo que se decidiram regressar à superfície em intervalos intercalares e organizados em grupos de duas pessoas. O primeiro grupo a subir era constituído por um químico e um biólogo, visto serem as pessoas com conhecimentos mais aprofundados relativamente à gravidade da situação e das consequências da inalação dos gases.
Logo nos primeiros dias, uma nova rotina foi criada. Contudo, outras rotinas seguir-se-iam, como o facto de tentarem utilizar o oxigénio, o menos possível, tanto fora como dentro de água, a fim de se habituarem ao meio.
O ambiente converteu-se de tal forma que começaram a perder a noção do tempo e nem mesmo o sol lhes permitia guiarem-se dado ter sido coberto pela devastadora nuvem que, rapidamente, transformara o planeta.
Gonçalo, com a sua curiosidade jornalística, sempre que ia à superfície tentava contactar alguém para além do seu grupo. Nestas pesquisas conseguiu encontrar umas imagens de satélite, nas quais avistou o mundo como nunca o vira antes. Porém, este acto viria a custar-lhe a vida, pois, logo após ter informado os colegas sobre o que tinha observado, prosseguiu com a sua pesquisa para obter mais dados acerca da guerra, ainda que as consequências do ataque sobre as tecnologias e tudo o resto tivessem sido de uma intensidade tal, que pouco havia para consultar e o demasiado tempo de exposição aos gases provocou-lhe a morte. Foi a primeira morte que ocorreu no grupo após o ataque entre os dois países.
Esta situação chocou o grupo de investigadores que herdou mais um problema que ainda não lhes tinha sido colocado – que fazer ao corpo? A decisão foi a mais sensata, face ao que estava a acontecer, ou seja, a de largá-lo no mar. Com o passar do tempo e a progressão das rotinas, não só os gases, como também a água, foram-se tornando mais suportáveis.
A luta pela vida aumentou de forma exponencial a partir do momento em que observaram as imagens que Gonçalo tinha descoberto. O mundo, de tal forma desfigurado, era agora irreconhecível.
A elevada temperatura gerada pelos gases provocou o degelo dos pólos, bem como de todas as áreas que continham gelo no mundo.
A temperatura da água aumentou ligeiramente devido ao equilíbrio resultante da mistura da água aquecida pelos gases e da originada pelo degelo, ficando, assim, reunidas as condições propícias à sobrevivência tanto dos humanos, já referidos, como de outros seres vivos expostos posteriormente.
Todos os seres vivos terrestres desapareceram devido aos gases, ao aumento da temperatura que estes provocaram e à subida do nível das águas. Os gases também influenciaram a diminuição da salinidade das águas marinhas tendo fomentado a morte de praticamente todos os seres de água salgada. As condições eram favoráveis aos seres vivos de água doce o que, não só lhes possibilitou a sobrevivência, como também a reprodução.
Depois do ataque, as correntes marinhas tornaram-se mais calmas em toda a área que ocupavam.
Quanto aos sobreviventes (no grupo de investigadores, já que, tanto quanto sabiam eram os únicos sobreviventes da tragédia mundial), a sua tolerância aos gases foi melhorada durante as horas de sono, visto que dormiam no barco. A ambientação à água incidia mais durante o dia. Não obstante haver adversidades, poder-se-á dizer que eles se estavam a habituar razoavelmente bem às condições que lhes eram impostas.
Todavia, alguns descuidos tiveram consequências nefastas. No final do segundo mês após o ataque, Felícia, após a ingestão de uma refeição mais longa, não tomou o cuidado necessário e submergiu, tendo morrido, pouco mais tarde, de uma congestão.
Restavam, agora, apenas oito pessoas.
O efeito de todos os elementos químicos a que estavam expostos diariamente começou a manifestar-se através de mutações do material genético. Filipa, que se encontrava grávida de dois meses no início da reportagem, entrou em trabalho de parto depois de, aproximadamente, três meses e meio do ataque, ou seja, com seis meses de gravidez. O parto ocorreu debaixo de água com toda a ajuda possível por parte dos companheiros. O “fruto” do parto foi estranho: duas crianças de sexos opostos e ligeiramente diferentes a nível morfológico.
À medida que o tempo foi passando, descobriram que os gases tinham uma outra consequência – anulavam o efeito da pílula. Ou seja, depois de mais algum tempo, as restantes três mulheres que constituíam o grupo, criaram descendência. Esta descendência assemelhava-se à da Filipa, o que levou a concluir que as mutações eram transmitidas às novas gerações, ou seja, ocorriam a nível do material genético contido nos gâmetas.
A descendência foi aumentando e revelava-se cada vez mais apta ao meio aquático. Foi-lhes sendo dada a conhecer, de geração em geração, a história “Era uma vez um mundo deficiente” onde era relatada a vida antes do ataque, as razões que levaram à guerra e a luta admiravelmente travada pelos humanos, apesar das condições terrivelmente adversas.
No entanto, houve contrariedades, como o facto de todos os sobreviventes iniciais terem morrido por volta dos cinquenta anos.
Chegou o ano 2100!
Agora que o povoamento tinha sido concretizado, era necessário sobreviver e assegurar descendência. De acordo com o que lhes foi ensinado, começaram a pensar que o tempo deveria ser contado. Até que, pouco tempo depois de lhes ter surgido essa ideia, apareceu uma ostra com uma pérola muito diferente das habituais – transparente com brilhos dourados interiores. Então acharam justo e conveniente começar a contar o tempo a partir daquele momento. Surgia assim um novo mundo a partir do ano zero. Em memória dos sobreviventes/ criadores da nova comunidade, decidiu-se que o nome desta seria Siodopurg, o nome do barco onde o grupo de dez pessoas viajou, e que a bandeira que se encontrava no barco, passaria a identificar esta nova sociedade.